quinta-feira, 14 de maio de 2009

Opinião Própria

Tenho pensado muito ultimamente sobre se o jornalismo deve impor seu próprio ponto de vista sobre os temas que aborda, mas não apenas o jornalismo em si, a mídia como um todo, a televisão, o rádio, a internet, impondo aquilo que realmente pensa ou defende.


É uma discussão que toma muitos rumos e segue muitas linhas de pensamentos diferentes. Nós, como acadêmicos de jornalismo, somos instruídos a jamais –salvo raras exceções- revelar nossa opinião própria, mesmo que alguns de nossos professores não concordem com a imparcialidade (claro é uma discussão que precisa ser mais abordada, mas não vem ao caso agora) são “forçados” a nos transmitir a ideologia do jornalismo. Claro, pois falar em total imparcialidade e jornalista apenas como um veículo de informação é um idealismo, diria eu até mesmo ridículo. Acredito que um jornalista pode defender um ponto de vista (mais uma vez digo, há VÁRIOS porem’s), o espectador que deve filtrar a informação recebida e descobrir se apóia ou não, dizer que somos obrigados a não impor nossa opinião porque isso afeta diretamente o que a massa pensa, é pré julgá-los como ignorantes, incapazes de interpretar o que estão recebendo.


“O problema das exceções é que não conseguimos distinguir as linhas que às delimitam”, por exemplo, expor a opinião talvez fosse o correto, mas é difícil dizer em que nível isso pode ser feito. É feito freqüentemente hoje na internet, cada um fala o que bem entende, já que nem tudo é lido, e o leitor online só lê o que lhe convém. Mas mesmo assim o jornalismo online, não mostra a sua opinião, ao menos não abertamente. O ponto que quero chegar é que, mesmo defendendo que devemos expor nossas linhas de pensamento, isso precisa ser gradual, falo em vista de um telejornal que assisto pelas manhas, “Fala Brasil” da rede Record, para ser mais específico, a apresentadora Luciana Liviero, a cada reportagem notícia, nota, qualquer informação dada, ela tece um comentário pessoal sobre o assunto, mostrando um ar –geralmente- de indignação, e com comentários pejorativos, seja contra um bandido, um assassino, um político, ministro ou jogador de futebol, com uma posição mais a vontade, os cotovelos largados sobre a mesa, quase como alguém que assiste o telejornal do sofá de casa. Não gosto disso, ela não age como apresentadora, sua função não é comentar, não é de seu direito fazer isso, sua atitude tira o ar de seriedade do programa, e transforma-o quase em um bate papo. Não estou me contradizendo quando critico a atitude dela, mas o telejornal que ela apresenta não expôs a seus espectadores que faria isso, que transmitiria uma opinião pessoal. Luciana torna-se uma ovelha negra no programa, enquanto seus colegas fazem um trabalho jornalístico “imparcial”, ela alfineta os referidos das reportagens com seus comentários toscos e inadequados para o momento.


A televisão é a maior comunicadora de massa da atualidade, superior sim, a internet que não atinge as classes mais baixas. Expor abertamente a opinião na televisão requer um cuidado maior, um aviso prévio, porque se não, afetará o que as pessoas pensam. Um jornalismo que expõe opinião afeta s espectadores que denominamos “Passivos”, não tendo necessariamente relação com o grau de escolaridade ou a classe social (mais sobre o assunto no post Ativo Passivo, aqui mesmo no Blog). São pessoas que não estão preparadas para receber essas informações de um meio “influente”como a televisão, é necessário esse avanço gradual, esse “aviso” da emissora, que a partir de tal momento, o formato de seu jornalismo mudou.


É difícil dizer “nessa mídia se pode opinar”, “nesta não se pode opinar” “nesta outra você pode opinar até certo ponto”, é isso que torna a discussão delicada, mas a partir do momento em que jornalistas desempenharem abertamente um papel maior, do que apenas esse hipócrita “veículo de informação”, as pessoas passariam de espectadores Passivos para Ativos. Considerando a Imprensa como um quarto poder, que mesmo por debaixo do pano derrubou e elegeu presidentes, é de se imaginar os efeito a nível nacional, de uma mídia que se impõe abertamente.


Diogo S.Campos