domingo, 19 de abril de 2009

Educação e mídia televisiva: uma relação polêmica

A evolução tecnológica do planeta, principalmente, a partir dos anos 60-70 do século passado, com a chamada Revolução Técnico-Científico-Informacional, vem provocando profundas transformações nas formas de acesso ao conhecimento. Já é coisa de um passado distante imaginar a escola como único e até principal forma de acesso ao conhecimento. Com isso, uma grande discussão atinge a sociedade já há algum tempo: qual o papel da escola e das outras formas de acesso ao conhecimento, como a mídia televisa, para o aprendizado de milhões de crianças e jovens no planeta?
A escola parece ter ficado no passado, ainda desenvolvendo técnicas de aprendizado que lembram o Século XIX, ou seja, ainda o conhecimento é transferido, com poucas exceções, através da velha técnica do cuspi e do giz. Com o avanço tecnológico, esse tipo de aprendizado ficou desinteressante e obsoleto para grande parte dos estudantes, dando margem para a penetração de informações oriundas de outras fontes, como a TV e a Internet, mais recentemente.
A diversificação das fontes do conhecimento é um ponto positivo, o problema é que a escola começa a ter um papel secundário nesse processo. O tempo de acesso de uma criança a uma TV ou a uma rede de computadores como a internet tem sido crescente e, em alguns casos, assustador. Talvez essa seja uma preocupação importante para ser estudada e discutida.
Em muitos casos, a informação sem controle de qualidade da TV, para ficarmos nesse caso específico da mídia televisa, acaba provocando um processo de desinformação quando não se tem disponível o contraditório, ou seja, a escola como um canal de segurança, filtragem e de debate dos conhecimentos adquiridos fora do meio acadêmico. Além disso, temos os interesses econômicos e políticos envolvidos em noticiários e em propagandas expostas pela TV. Em muitos casos, a TV acaba sendo um vendedor eletrônico, onde pouco importa pensar no meio de comunicação como um canal de utilidade pública.
Importante ressaltar que os meios de comunicação, como a mídia televisa, não devem ser encarados como um aspecto negativo da informação, ao contrário. Imagina negarmos a importância de um documentário sobre nutrição ou medicina desportiva produzido por profissionais capacitados. Mas a história recente da mídia televisiva no Brasil, para ficarmos num caso particular, é marcada por influências que chegam a contradizer informações acadêmicas, muitas vezes em função da desinformação do profissional de mídia, como dos interesses econômicos que vendem informações como forma de obtenção de lucros. Vide opiniões equivocadas relacionadas a setores como nutrição, medicina e atividades físicas.
É fundamental desenvolver trabalhos que possam aproximar o conhecimento acadêmico dos meios de comunicação. Há uma profunda distância entre esses dois segmentos. É preciso que a sociedade discuta o papel dos meios de comunicação nesse processo de aprendizagem de crianças e jovens. Qual é o papel dos meios de comunicação para a sociedade? Qual papel do Estado como agente regulador de uma concessão pública, como são os canais de televisão? A TV deve ser um meio apenas de entretenimento, sem nenhuma responsabilidade pelo que passa?
A escola precisa passar por um processo de modernização para ser o ator principal no acesso ao conhecimento. É um longo e difícil caminho, mas profundamente necessário. São inúmeras questões polêmicas expostas e que necessitam de um urgente debate, pois gerações estão sendo formadas por um processo pouco democrático, que visa, fundamentalmente, o lucro e que, muitas vezes, desinforma e cria seres humanos profundamente consumistas, mas com uma visão humanitária muito reduzida.

por Marcelo Coelho em seu blog
http://blig.ig.com.br/geomarcelocoelho/2009/01/23/educacao-e-midia-televisiva-uma-relacao-polemica/
em 23/01/2009 - 00:05

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